quarta-feira, 29 de junho de 2011

Desconstruindo Wilt

"Mais um rebote pra minha coleção, qual o problema?"


Bom, com o fim da temporada regular, e o draft terminado, é hora de publicar alguns textos que vinha pensando durante os playoffs.

Um que eu já estava há um tempo para publicar é sobre o grande Wilt Chamberlain. Muitas coisas sempre me intrigaram no que diz respeito a ele: ouvia sempre dizer que era um dos melhores de todos os tempos, ótimo jogador, pivô mais dominante do seu tempo (ou de todos os tempos), etc. etc.

Outra coisa extremamente assustadora são seus recordes pessoais: MVP e Rookie da temporada já em seu primeiro ano na liga (única vez em que isso ocorreu); 100 pontos em 1 único jogo (o segundo colocado é Kobe Bryant, com 81 pontos - o 3o, 4o e 5o maiores placares também são de Wilt); média superior a 50 pontos por jogo em uma temporada (maior média de todos os tempos - a 2a, 3a, 5a e 7a também são dele); 11 vezes o líder em rebotes por jogo na liga; 55 rebotes conseguidos em 1 único jogo; as 3 maiores médias de rebote por jogo em uma temporada são dele (6 das 7 primeiras também); fez 60 pontos ou mais em 32 jogos (em segundo vem Michael Jordan e Kobe Bryant, empatados com 5).

Poderia ficar aqui, sem brincadeiras, utilizando umas 100 linhas do blog só pra falar dos recordes e marcas inacreditáveis alcançados pelo cara (outro exemplo: é o segundo com maior média de pontos por jogo na carreira, colado no líder Michael Jordan). Enfim; ouvindo e lendo tantos feitos, tanta supremacia e dominação nas quadras, dava pra imaginar que o cara era o super-homem, né?

Mas aí, lendo mais sobre a história da liga (uma ótima fonte é o livro do Bill Simmons, "The Book of Basketball", excelente), outros dados me deixavam curioso: na lista dos melhores jogadores de todos os tempos, quase sempre ele aparecia entre o 3o e o 8o lugares. Com um curriculum desses, não era pra estar disputando o primeiro lugar com o Jordan? Além de outros fatores que seriam de se esperar de um fenômeno desses: ele não deveria ter, então, uns 8 de MVP da temporada? Não deveria ter uns 8 ou 10 títulos de campeão? Lembrando que foram 14 as temporadas disputadas por Will "The Big Dipper" Chamberlain.

Pois então: Wilt ganhou o título de MVP da temporada 4 vezes (o líder é Kareem Abdul-Jabbar, com 6; Jordan e Bill Russell tem 5 cada); foi campeão 2 vezes (Russell foi campeão 11 vezes; Sam Jones, 10; para citar jogadores mais recentes, Kobe Bryant foi 5 vezes; Shaquille O'Neal e Tim Duncan tem 4 títulos; Pau Gasol tem os mesmos 2, e muitos anos pela frente).

O que fica escancarado é a pequena quantidade de anéis de campeão que Chamberlain tem, em comparação com seus recordes. Fica a questão: por que Wilt só conseguiu 2 títulos em 14 anos de domínio na liga? E por que seus recordes individuais são tão impressionantes, se comparados com qualquer outro jogador de qualquer época?

Famosa foto tirada logo depois do jogo dos 100 pontos, em março de 62


Talvez a resposta para as duas questões seja a mesma: o que Wilt buscava num jogo de basquete era a sua glória pessoal, seus recordes. Era o típico jogador individualista, que exigia ser o centro do time, e que ofendia companheiros que não lhe passavam a bola ou erravam um lance: estavam "estragando" sua performance. Ele simplesmente não conseguia entender que o basquete é um jogo coletivo, e que um homem só jamais vai conseguir vencer.

(Lembrando que isso tudo foi, muitos anos mais tarde, admitido pelo próprio Chamberlain em seu livro "Wilt: Just Like Any Other 7-Foot Black Millionaire Who Lives Next Door.")

Somando-se a esse seu egoísmo em quadra e má-vontade com os companheiros (que acabava desagregando o grupo - alguém se lembra de algum outro astro da NBA que tenha sido oferecido pra vários outros times, em seu auge, sem contusões, e sem que fosse a seu pedido? Isso aconteceu 2 vezes a Wilt, em San Francisco e Philadelphia), outras coisas atrapalhavam suas equipes.

Por exemplo: Wilt tinha um aproveitamento ruim de lance-livre, como é comum a muitos pivôs, até hoje em dia. Por causa disso, costumava "se esconder" de jogos equilibrados nos minutos finais para não sofrer a falta. Assim, não erraria lances livres e não seria responsável pela derrota do time. Mesmo que ele fosse a melhor chance de vitória que o time tinha.

Outra: Wilt, quando cometia a 4a ou 5a falta, sumia do jogo. Ele queria (e conseguiu) encerrar a carreira sem nenhum "foul-out". Com isso, o time ficava com praticamente um jogador a menos nesses finais de jogo, pois o pivô não fazia nenhuma questão de marcar ou ter contato físico para evitar a suspensão.

Ou seja, no momento final do jogo, o clutch-time, Wilt tinha a tendência a cair de produção drasticamente. Que time pode ser vencedor com alguém que cai de produção justamente na hora H? E cujo astro, além de ser extremamente individualista, conseguia baixar a moral do elenco, ao invés de melhorá-la? Era o oposto de Bill Russell, o outro grande pivô da época, que crescia no clutch-time, e que fazia seus companheiros jogarem melhor.

Wilt e seu rival, Bill Russell, prontos para disputar um rebote


Falando em Russell: algumas pessoas alegam que o pivô não foi campeão mais vezes porque teve, na mesma época, o timaço do Boston, que foi campeão 11 vezes em 13 anos. Isso também não reflete a realidade: Wilt teve o time super campeão de Boston como rival durante os primeiros 10 anos de sua carreira. Desses 10, ele esteve em times inferiores 5 vezes (de 60 a 64, antes de Wilt sair dos Warriors e ir para os 76ers). Em 65, pode-se dizer que os times se equivaliam, e de 66 a 69 o time dos Celtics já estava se desfazendo, enquanto Wilt estava com uma equipe mais forte ao seu redor (os 76ers e, posteriormente, os Lakers). E continuou tendo uma equipe melhor até sua aposentadoria.

E como explicar seus recordes absurdos? Apenas ser individualista não basta, provavelmente haviam vários outros jogadores individualistas nas outras equipes. É claro que Wilt tinha um talento absurdo, foi de fato um dos 10 melhores jogadores de todos os tempos, isso é inegável. Mas, além disso, outros fatores contribuíram.

Na época em que Wilt e Russell jogavam, a liga tinha uma maioria de jogadores brancos. Ainda era forte a questão racial nos EUA (e no mundo todo), e muitos times ainda relutavam em aceitar jogadores negros em suas equipes. Com isso, o nível da liga, tanto técnico quanto físico, era mais baixo.
Na realidade, de acordo com texto do The Classic NBA, apenas outros 3 jogadores se aproximavam da altura de Chamberlain (2,16 metros): Bill Russell, (2,10m), Walt Bellamy (2,11m) e Walter Dukes (2,13m) . Além disso, não era comum jogadores de fora dos Estados Unidos jogarem na NBA. Ou seja:  com dominância física aliada ao seu talento, já é um ótimo começo.

Agora, na boa: você consegue imaginar a NBA de hoje em dia sem os jogadores estrangeiros, e com apenas 20% dos jogadores negros? O nível cairia um bocado, né?

Além disso, temos a quantidade absurda de posses de bola da época. Na primeira metade dos anos 60, era normal os times fazerem 108, 110 arremessos por jogo. Era recuperar a bola, e já arremessar! Hoje em dia, mal passam de 80. No ano em que teve média de 50.4 pontos (61-62), Wilt arremessava praticamente 40 bolas por partida! O número de rebotes, consequentemente, era altíssimo, superando 72 por jogo muitas vezes. Hoje em dia, mal chega a 40.

Agora, vamos tentar uma simulação do período de maior estatística do Chamberlain com o melhor período de outro pivô dominante recente, Shaquille O'Neal.

Médias de Wilt Chamberlain no período de 60 a 66 (7 temporadas):
41.4 minutos    34.5 pontos    21.8 rebotes     31.1 arremessos   58% field goal

Médias de Shaquile O'Neal no período de 94 a 2000 (7 temporadas):
37.7 minutos    28.2 pontos    12.1 rebotes      19.7 arremessos    51% field goal

Se igualarmos a média de minutos, teremos:

Wilt:  34 pontos  21.5 rebotes
Shaq: 30 pontos  13 rebotes

Amplamente favorável a Wilt. Mas, imaginemos que Shaq jogasse sem precisar enfrentar nenhum dos astros estrangeiros que vem se destacando na liga (ou seja, sem Dirk Nowitzki, Dikembe Mutombo, Tim Duncan, Hakeem Olajuwon, Dominique Wilkins, Drazen Petrovic, Patrick Ewing, etc.). Além disso, imaginemos como seria Shaq enfrentando 80% a menos de jogadores negros; ou seja, jogando contra americanos brancos de menor estatura e porte atlético! Acho que os 30-13 de média mencionados acima subiriam bastante, não? Vamos colocar, por exemplo, 35-17, ok?

Agora, o tipo de jogo. Como mencionado acima, nos anos 60 a quantidade de posses de bola, arremessos e rebotes era próxima do dobro do que era nos anos 90 e 2000. Imaginemos que Shaq, ao invés de arremessar 20 bolas por jogo (que era sua média no período de tempo analisado), arremessasse 30, como Wilt. Mantendo seu % de field goal (em vista dos adversários bem mais fracos que enfrentaria, descritos no parágrafo anterior), ele ficaria na média de 40 a 45 pontos por jogo nessas 7 temporadas. Wilt atingiu essa média apenas 2 vezes, e quando as atingiu, arremessava não 30 bolas por jogo, mas 39.5 (em 61-62) e 34.6 (em 62-63).

Três pivôs espetaculares, pensando diferente

Não estou querendo dizer que Shaq foi melhor que Wilt. Considero Chamberlain o 3o maior pivô de todos os tempos (atrás de Russell e Jabbar), e, de fato, dominou a NBA durante sua época. A questão era achar uma explicação para essa aparente contradição: de um lado, jogador espetacular nas marcas, o rei dos recordes da NBA, super dominante em quadra; de outro, jogador de "apenas" 2 títulos, negociado 2 vezes espontaneamente por suas equipes, e não reconhecido por seus colegas.

Como Bill Russell dizia muitos anos depois: "Wilt queria ter todos os recordes; eu só queria ser campeão".


P.S.: enquanto rolavam os playoffs e esse post estava "meio na cabeça, meio no computador", o The Classic NBA escreveu um texto parecido, só que ainda mais amplo, falando em geral dos recordes da NBA nos anos 60. Como lá saiu primeiro, dou o crédito, e recomendo altamente a leitura, nesse link.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Draft e Mock Draft

Classe reunida

E tivemos hoje o Draft 2011, cheio de surpresas: mais até do que qualquer jornalista imaginaria! Principalmente a escolha 4 dos Cavaliers, pegando o power forward Tristan Thompson. Outras surpresas foram Brendon Knight (PG/SG), Kemba Walker (PG) e Kawhi Leonard (SF) sendo pegos bem mais tarde do que o imaginado. E também o Markieff Morris sendo draftado à frente de seu irmão (embora tenha sido só 1 posição antes).

Outro destaque foi a quantidade de estrangeiros draftados logo no início. Se considerarmos que a escolha  1, Kyrie Irving, nasceu na Austrália, temos 6 estrangeiros entre os 7 primeiros: 1 australiano, 1 da Turquia (Kanter), 1 canadense (Thompson), 1 da Lituânia (Valanciunas), 1 tcheco (Vesely) e 1 do Congo (Biyombo).

Além das escolhas, várias trocas foram feitas hoje, e falaremos de como os times vão se formando ao longo dessa off-season, que, infelizmente, pode ser gigantesca se tivermos mesmo uma greve vindo aí. Enquanto isso, publico as 14 primeiras picks de hoje:

1) Cavaliers - Kyrie Irving
2) Timberwolves - Derrick Williams
3) Jazz - Enes Kanter
4) Cavaliers - Tristan Thompson
5) Raptors - Jonas Valanciunas
6) Wizards - Jan Veseley
7) Kings - Bismarck Biyombo
8) Pistons - Brandon Knight
9) Bobcats - Kemba Walker
10) Bucks - Jimmer Fredette
11) Warriors - Klay Thompson
12) Jazz - Alec Burks
13) Suns - Markieff Morris
14) Rockets - Marcus Morris

Como mencionei acima, já aconteceram várias trocas. Pra ver a lista completa dos escolhidos, e ver as trocas já ocorridas, o que não faltam são sites e blogs de basquete com a informação completa (recomendo o especialista NBADraft.net). Nós vamos cobrindo aqui no "Pula 2" à medida em que os times forem ganhando uma cara para a próxima temporada.

Pra terminar, comento que na terça passada houve um #MediaMockBR no twitter, organizado pelo blog NBA Pull up . Além do "Pula 2" e do "NBA Pull up", também participaram o Two-minute warning, o Miami Heat Brasil, o Paixão NBA e o NBA News Brasil . Com todas as surpresas do draft, acabamos acertando apenas 6 das 30 primeiras escolhas, hehehehe: 3 acertos foram do "Two-minute warning", e 3 foram do "Miami Heat Brasil". Foi bastante divertido, e com certeza planejamos outro, com mais gente envolvida, no ano que vem.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Quem foi o mais "clutch" da temporada? (Parte 2: Playoffs)

Game-winner

Bom, hoje termino a série iniciada no domingo, sobre o jogador mais "clutch" da temporada. Quem ainda não leu, é só ver o post logo abaixo desse.

Agora, falemos de playoffs: infelizmente, o ótimo 82 games não apresenta dados da pós-temporada; é uma pena, pois suas estatísticas de CT ("clutch time") são bem completas. Ou seja, tive que fazer os dados por minha conta mesmo. Muitas horas de muitos dias contabilizando os dados nas tabelas "Play-by-play" do site da NBA. Aproveito para agradecer à "sra. Pula 2" pela paciência. :-)

Então, vamos lá. Assim como no post anterior, vou apresentar dois top 10. O primeiro, listando quem mais pontuou nos playoffs:

1) Dirk Nowitzki (Mavericks)     - 62
2) Lebron James (Heat)            - 41
3) Kevin Durant (Thunder)         - 40
4) Zach Randolph (Grizzlies)     - 38
5) Dwyane Wade (Heat)            - 31
    Derrick Rose (Bulls)              
7) Chris Bosh (Heat)                 - 29
8) Jason Terry (Mavericks)        - 28
9) Russell Westbrook (Thunder) - 22
10) Jason Kidd (Mavericks)       - 18

Bom, aí temos o óbvio: domínio dos jogadores dos times que chegaram à final: 6 jogadores dessa lista são de Dallas ou Miami, incluindo os 2 primeiros. Dos outros quatro, 3 são de times que chegaram à final das conferências (Chicago e Oklahoma City), sendo o Zach Randolph a exceção. O que comprova a excelente pós-temporada do power forward de Memphis, que de fato arrebentou: entrou em 4o lugar na lista tendo jogado bem menos partidas que os outros.

Nessa tabela também vemos que, tirando todas as críticas, piadas e etc. que foram feitas com Lebron James, ele jogou muita bola nos playoffs. O problema foi a queda de produção a partir do segundo jogo da final. Aí realmente ele deixou muito a desejar.

O outro top 10 que quero apresentar, e que considero mais importante, é o de percentual de arremesso (field goal) em CT nos playoffs. Segue:

1) Dirk Nowitzki (Mavericks) - 0,625
2) Al Horford (Hawks)           - 0,600
3) Chris Bosh (Heat)             - 0,500
4) Derrick Rose (Bulls)          - 0,450
5) Kevin Durant (Thunder)     - 0,444
6) Jason Terry (Mavericks)   - 0,444  (Terry deu menos arremessos que Durant)
7) Dwyane Wade (Heat)        - 0,440
8) Zach Randolph (Grizzlies)  - 0,429
9) Tony Parker (Spurs)          - 0,417
10) Lebron James (Heat)       - 0,412


O requisito para concorrer nessa lista era ter pelo menos 10 arremessos em CT, e ter convertido pelo menos 10 pontos nos playoffs. Como esse top 10 é por aproveitamento, vemos mais diversidade de times, embora ainda apareçam 3 do Heat e 2 dos Mavs. Detalhe curioso é a aparição do Tony Parker na lista, eliminado na primeira rodada.

E se alguém ainda considerava o Dirk Nowitzki amarelão, realmente depois dessa temporada pode repensar a opinião. Não só o alemão pontuou muito, como teve um aproveitamento espetacular, e foi o grande responsável pelo título de Dallas (embora não o único, obviamente).

Fazendo uma mescla das duas tabelas (dando preferência à 2a), teríamos então:

1) Dirk Nowitzki (Mavericks)
2) Kevin Durant (Thunder)
3) Derrick Rose (Bulls)
4) Chris Bosh (Heat)
5) Dwyane Wade (Heat)
6) Zach Randolph (Thunder)
7) Lebron James (Heat)
8) Jason Terry (Mavericks)
9) Al Horford (Hawks)
10) Russell Westbrook (Thunder)

E o que era esperado, Dirk Nowitzki foi disparado o mais "clutch" dessa pós-temporada. Não teve pra ninguém: liderou em pontos e aproveitamento.

"Sou o cara"

Em segundo, Kevin Durant, 3o maior pontuador, e 5o em aproveitamento. Contou com a ajuda do Westbrook na função de pontuar.

Durant era a principal aposta pra MVP antes da temporada começar

E em terceiro, Derrick Rose, o MVP da temporada: 4o em aproveitamento, 5o em pontuação nos playoffs. Liderou os Bulls até a final do leste.

Parece videogame, mas é o Rose mesmo.


Agora, é focar no draft dessa quinta-feira, dia 23. Abraço

domingo, 19 de junho de 2011

Quem foi o mais "clutch" da temporada? (Parte 1: Temporada Regular)

É, esse ano não deu Kobe no topo

Depois do fim da temporada, e do término da promoção do "Pula 2", escrevo sobre um assunto que acho bastante interessante. Não, ainda não é o draft do dia 23, esse fica mais pra frente.

Estou falando dos jogadores "clutch". Esse é um assunto que gera bastante discussão sempre. Já vi vários sites americanos debatendo isso, e lembro de um post no Bola Presa onde eles comentavam sobre uma pesquisa entre os GM's das 30 equipes, que dizia: que jogador você gostaria de ter no seu time para fazer o último arremesso necessário para ganhar um jogo? 70% deles respondeu Kobe Bryant, embora várias estatísticas apontassem outros jogadores como sendo mais decisivos na hora H.

O que vou apresentar aqui é apenas isso, mais uma estatística, feita por mim mesmo, relativo à temporada recém-encerrada. Serão dois posts, um sobre a temporada regular, e um sobre os playoffs.

Bom, pra iniciar, vamos explicar o conceito de "clutch" pra quem não conhece: "clutch time" (ou CT, como usarei nessa série) são os 5 minutos finais do último quarto (e das prorrogações, se houver) onde a diferença de pontos entre as equipes é 5 ou menos. O ótimo site 82 games costuma todo ano fazer uma estatística fantástica sobre isso, e vou usar os dados deles para esse texto sobre a temporada regular.

Vou apresentar duas listas. A primeira é com os jogadores que mais pontuaram proporcionalmente (pontos por CT, sempre de acordo com o "82 games"):

1) Kobe Bryant (Lakers)            - 5.2
2) Derrick Rose (Bulls)              - 5.0
3) Lebron James (Heat)             - 4.7
4) Monta Ellis (Warriors)            - 4.63
5) Kevin Durant (Thunder)          - 4.60
6) Jason Richardson (Magic)     - 4.5
7) Dirk Nowitzki (Mavericks)      - 4.4
8) Will Bynum (Pistons)             - 4.3
9) Russell Westbrook (Thunder) - 4.2
10) Mo Williams (Clippers)         - 4.1


A lista está atualizada para os casos de jogadores que mudaram de time, como Carmelo Anthony e Mo Williams, por exemplo.

Pra comparar, vamos ver os 4 primeiros nessa mesma categoria nos 2 últimos. Em 2010 foi: 1) Lebron James; 2) Kobe Bryant; 3) Dirk Nowitzki; 4) Carmelo Anthony. Em 2009, 1) Kobe Bryant; 2) Lebron James; 3) Carmelo Anthony; 4) Dwyane Wade.

Ou seja, não tem havido muita variação nessa categoria. Esse ano é que tivemos maior diferença, com Rose e Ellis entrando no top 4. De surpresa nessa lista podemos destacar o Richardson, o Bynum, e também o Mo Williams.

A segunda lista, mais importante na minha opinião, é dos jogadores com melhor aproveitamento de field goal (arremessos de quadra) dentre os que tentam, em média, de 2.5 arremessos pra cima em CT (o que é bastante). Seguem os 10 primeiros:


1) Al Jefferson (Jazz)                     - 0.562
2) Jason Terry (Mavericks)             - 0.506
3) Amar'e Stoudemire (Knicks)        - 0.487
4) Monta Ellis (Warriors)                 - 0.484
5) Jason Richardson (Magic)           - 0.462 (Richardson tem mais arremessos por CT que Bynum)
6) Will Bynum (Pistons)                 - 0.462
7) Carmelo Anthony (Knicks)          - 0.443 (média entre o período dele nos Knicks e nos Nuggets)
8) Michael Beasley (Timberwolves) - 0.441
9) Jameer Nelson (Magic)               - 0.438
10) Lebron James (Heat)                - 0.434

Comparando novamente os 4 primeiros dos últimos 2 anos. Em 2010: 1) Rudy Gay; 2) Baron Davis; 3) Chris Paul; 4) Lebron James. Em 2009: 1) Carmelo Anthony; 2) Lebron James; 3) Al Jefferson; 4) Tony Parker.

Nesse quesito, a variação é bem maior, como podemos ver. Curioso ver 2 jogadores do Magic e 2 dos Knicks na lista. E, juntando os dois top 10, temos 4 jogadores presentes nos dois: James, Ellis, Richardson e Bynum. Podemos considerar esses como os jogadores mais clutch dessa temporada regular; afinal, não só pontuaram bastante em CT como também tiveram bom aproveitamento.

Tirando a média desses 4 nas 2 listas (fazendo uma mescla), teríamos:

1) Monta Ellis
2) Jason Richardson
3) Lebron James
4) Will Bynum

Monta Ellis, vencedor do prêmio "Clutch" Pula 2  :)

Prosseguindo na lista, coloco os 2 únicos que tiveram percentual de arremesso acima de 50% nas listas acima: Al Jefferson e Jason Terry. Fica então:

1) Monta Ellis
2) Jason Richardson
3) Lebron James
4) Will Bynum
5) Al Jefferson
6) Jason Terry

Jason Richardson fica em segundo lugar

Os últimos 4 do top 10 vou escolher entre os outros das 2 listas acima, baseado no percentual de lance livre em CT. Ou seja, momento da verdade, só o jogador e a cesta. Entrariam então Dirk Nowitzki (89%), Derrick Rose (89%, mas com menos arremessos), Kobe Bryant (87%) e Kevin Durant (83%). Nosso top 10 de jogadores clutch 2011 (temporada regular) ficaria:

1) Monta Ellis (Warrios)
2) Jason Richardson (Magic)
3) Lebron James (Heat)
4) Will Bynum (Pistons)
5) Al Jefferson (Jazz)
6) Jason Terry (Mavericks)
7) Dirk Nowitzki (Mavericks)
8) Derrick Rose (Bulls)
9) Kobe Bryant (Lakers)
10) Kevin Durant (Thunder)

Uma lista de respeito, com ótimos jogadores, mas também com as já citadas surpresas Richardson e Bynum. A princípio, até tinha me surpreendido em ver o Monta Ellis liderando a lista, mas depois me lembrei que ele ficou um tempo como cestinha da liga logo no começo, levando os Warriors nas costas junto com o Eric Gordon. Até por isso me espantou que existissem alguns boatos de troca envolvendo ele.

O odiado Lebron fica em terceiro na nossa lista

Em alguns dias vou postar a parte final dessa série, dessa vez comentando os mais clutch nos playoffs 2011! Não percam, um abraço!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Vencedor da Promoção!

E junto com o fim da temporada 2010-2011, chega ao fim a primeira promoção aqui no Pula 2. Fiquei muito feliz com a participação do pessoal, que se inscreveu e ajudou a divulgar no facebook e no twitter, muito obrigado, galera. Nossas páginas estão ficando com cada vez mais "seguidores" e "curtidores".

Então, vamos ao que interessa: usando o Random.org, o sorteio foi feito e o ganhador foi o Carlos Henrique Gonçalves dos Santos. Ele pediu a camisa do Dwight Howard, e vai receber em casa. Parabéns, Carlos; manda um email pra gente (pula2nba@gmail.com) com seu endereço completo (com CEP) e tamanho de preferência da camisa.



Só como curiosidade, publico o percentual dos pedidos dos participantes:

Kobe Bryant :      52%
Dwight Howard:   24%
Tim Duncan:       12%
Kevin Garnett:     12%

A camisa do Kobe foi disparada a mais pedida, com a do D12 em segundo. Incrivelmente, Duncan e Garnett tiveram o mesmo número de pedidos!

Mais uma vez agradeço a participação de todos, especialmente aqueles que aproveitaram para comentar sobre o blog, dar idéias, fazer críticas, elogios, enfim. Muito obrigado mesmo, galera!

Fiquem de olho, novas promoções vão pintar por aí. Além disso, teremos vários textos bacanas nessa off-season, além da cobertura do draft no dia 23. E estou preparando um texto bem legal sobre os jogadores mais "clutch" da temporada, não percam. Tá ficando bem bacana.

Um abraço!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dallas campeão!

Festa do time

E a NBA conhece um novo campeão! Os Dallas Mavericks vencem o campeonato pela primeira vez, depois de um vice-campeonato em 2006 perante o mesmo Miami Heat.

Um título que veio para ser a redenção de uma franquia que havia sido injustamente rotulada como perdedora, amarelona, a começar pela sua estrela maior, Dirk Nowitzki. Que injustiça toda a crítica que o alemão sofreu nesses últimos 5 anos. Tudo começando com a virada sofrida na final de 2006 (de 2x0 para 4x2), e com a eliminação na primeira rodada de playoffs do ano seguinte, depois de terem feito a melhor campanha disparada na temporada regular. Depois disso, campanhas discretas na pós-temporada fizeram com que o time deixasse de constar das listas de candidatos ao título.

Esse ano, a equipe começou desacreditada mais uma vez, e só começou a ter mais destaque quando passou a disputar a segunda vaga do oeste com os todo-poderosos Lakers. Na reta final da temporada regular chegaram a tomar o segundo posto da equipe angelina, mas terminaram em terceiro lugar, ainda com pouca credibilidade. Muitos diziam que o time iria "amarelar" nos playoffs.

Terry, cestinha do jogo 6

Tudo mudou depois da "varrida" em cima dos mesmos Lakers. 4x0 em cima dos bi-campeões da liga não é pra qualquer um. E foi na pós-temporada que o jogo do Dirk subiu ainda mais de produção (comentei aqui que achei injusto que ele fosse escolhido para o segundo time da NBA, e não para o primeiro).

Com a vitória de 4x1 sobre o Oklahoma City Thunder na final e o título do oeste, os Mavs estavam novamente em posição de disputar mais uma vez o título, contra o mesmo rival de 2006. E embora ainda parte da imprensa os considerasse azarões, já era impossível ignorar as atuações do time, incluindo algumas viradas emocionantes no quarto final.

Com a eliminação prematura dos Spurs, Lakers e Celtics, o time passou a ser o único representante dos "velhinhos", ou seja, dos times de maior experiência. E acredito que tenha sido essa experiência um dos fatores-chave para o título (comentei aqui), ainda mais depois que o time ficou atrás em 2x1 nas finais. O técnico Rick Carlisle, com suas variações de defesa, também tem grande mérito nessa conquista.

Nessa partida final, a equipe conseguiu jogar bem mesmo com Dirk Nowitzki numa noite ruim no primeiro tempo: foi um arremesso certo em 12 tentados. Quem assumiu a responsabilidade de pontuar até aí foi Jason Terry, que terminou a partida como cestinha (27 pontos). Da parte de Miami, Lebron James foi o cestinha com 21 pontos.

Dirk Nowitzki, MVP das finais

Só pra fecharmos o capítulo Dirk Nowitzki: o PF de Dallas é atualmente o 23o maior pontuador da NBA com 22792 pontos, à frente de Ray Allen e logo atrás de Elgin Baylor. Se mantiver a média de pontos desse ano (que é a sua média mais baixa desde 2003-2004), Dirk estará, em 2 temporadas, com 26 mil pontos, o que o deixará na 13o posição, logo atrás de John Havlicek. Considerando que jogue mais 4 temporadas, pode chegar a ser o 6o maior pontuador da história da liga! E aposto que tudo isso deve soar muito melhor com o anel de campeão (e o merecido troféu de MVP das finais) em casa.

E como falar desse título sem falar também dos Jasons? Primeiro, o Kidd: 17 anos de liga, 2 finais.... faltava mesmo o anel. Além, é claro, do fato de ser o segundo da NBA com mais assistências, o terceiro com mais roubos de bola (a 37 do Michael Jordan - deve ultrapassá-lo na metade da próxima temporada regular) e o terceiro com mais triple-doubles.

Vale mencionar também o Jason Terry, peça-chave da equipe, vindo do banco. E sempre pontuando no "crunch-time", fazendo ótima dupla com Nowitzki. Salvou o time várias vezes esse ano.

E pra fazer justiça também ao resto da equipe, temos que citar Shawn Marion, Tyson Chandler, DeShawn Stevenson, J.J. Barea, Peja Stojakovic, Brendan Haywood e Brian Cardinal (além de Mahinmi e Brewer - ufa!). Todos de anel na mão, e de parabéns.

E quanto ao Miami Heat? Sinceramente, achei um time difícil de entender desde seu início: tiveram fases boas e ruins desde o começo, onde o ruim era péssimo, e o bom era ótimo. Um time bipolar, se preferirem. Mas que pareceu se acertar na reta final do campeonato, chegando a disputar a liderança da conferência leste. Lebron James fez mais uma temporada impecável, disputando até o final o prêmio de MVP com Rose. No final, ficaram com a segunda vaga, e eliminaram sem grande dificuldade todos os rivais. Parecia que, no final das contas, o trio sempre resolvia.

Lebron decepcionou nas finais

Porém, na final as coisas não aconteceram bem assim. Miami iniciou melhor a série, e então percebi três coisas acontecendo após o 2x1:

- o Heat entrou na onda de grande parte da imprensa que já os considerava com a mão na taça, os melhores do mundo, e passaram a jogar sem o mesmo nível de intensidade demonstrado anteriormente;

- a equipe não teve resposta para as adaptações e inovações que o Dallas trazia a cada novo embate;

- o desaparecimento de Lebron James, que estava bem na pós-temporada, e até no primeiro jogo da final. Depois disso, sumiu em quadra, evitando arremessos, ou simplesmente errando. Em vários momentos desse jogo 6 Miami rendeu mais sem ele em quadra. Ele terminou a partida com um +/- de -24! E teve média de apenas 3 pontos nos últimos quartos dos 6 jogos da final.

Muita gente argumenta que o Dallas tem uma equipe, e que o Miami tem 3 craques cercados de arremessadores de 3. Acho que isso também é verdade. Quando vemos nas duas últimas partidas como todo o time do Dallas jogou bem, temos um senso de equipe. Já o Miami tem bastante talento das posições 2 a 4, mas não tem armador, pivô ou banco. E, de uma certa forma, humildade e senso de conjunto também não.

Outros destaques - já falamos bastante aqui dos destaque individuais e coletivos dessa temporada como um todo. Vamos fazer apenas uma recapitulação.

Memphis Grizzlies: a grata surpresa da temporada. O time conseguiu eliminar o primeiro colocado San Antonio, e levar o Oklahoma City ao único jogo 7 do ano, em séries memoráveis. O time dos renegados jogou um basquete bonito e empolgante, e agradou a todos na pós-temporada. A dupla de garrafão Zach Randolph - Marc Gasol deixou muito time considerado favorito com inveja.

Chicago Bulls: esperava-se um time pronto apenas na temporada 2011-2012. Não foi o que aconteceu, o time amadureceu mais cedo, e fez a melhor campanha da liga na temporada regular. Sucumbiu apenas diante do Miami Heat na final da conferência, e acabou tendo o MVP da temporada, Derrick Rose.

Oklahoma City Thunder: muito se esperava da equipe nessa temporada, especialmente da dupla Kevin Durant - Russell Westbrook. Depois de muito patinar lá pela 6a posição do oeste, o time se acertou e chegou à final da conferência. Teve o cestinha da temporada novamente (Durant).

Como ficam? Três equipes que fizeram bonito na temporada regular, e das quais se esperava bem mais nos playoffs.

Los Angeles Lakers: muita gente considerava que o time levaria o tri, ou, pelo menos, chegaria às finais mais uma vez. Ficou na varrida dos Mavs, comentada aqui. Muito se especula possíveis trocas grandes para o próximo ano, mas não acredito.

Boston Celtics: todo ano as pessoas comentam que é o último ano dos Celtics; foi assim no ano seguinte ao título (2009), foi assim em 2010 (quando chegaram às finais), e foi assim esse ano. Como a maioria dos jogadores se manteve, muita gente vai dizer o mesmo pra 2012. Fizeram a troca mais polêmica da temporada ao mandar Kendrick Perkins para Oklahoma.

San Antonio Spurs: quando todos imaginavam que os Spurs já tinham dado o que tinham que dar, eis que o time ressurge em 2011, com o ótimo (podem me xingar, vai) Gregg Popovich reinventando a equipe. Revelou ótimos novos talentos, como sempre. Ginobili cada vez mais importante para a equipe.

Ficamos por aqui. Amanhã revelo o ganhador da promoção da camisa. Abraço!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tudo diferente

Chandler supera a marcação de Lebron

Que jogaço foi esse jogo 5! Vitória de Dallas, dessa vez não na última bola, 112 x 103. Aliás, com os jogos 2, 3 e 4 sendo decididos na última bola, com o cronômetro estourando, temos um dado curioso: isso não acontecia em finais (3 jogos seguidos) desde 1948!

Não me canso de repetir que essa série final está muito boa! O jogo dessa quinta-feira não foi exceção e, para melhorar, foi totalmente diferente dos últimos jogos. Vejamos:

Pontuação das duas equipes (média):

Jogos 2, 3 e 4: 88,5
Jogo 5:           107,5 

Percentual de aproveitamento (média)

Jogos 2, 3 e 4: 43%
Jogo 5:            55%

Aproveitamento de 3 pontos (média)

Jogos 2, 3 e 4: 30%
Jogo 5:            54%

Domínio de Wade e Nowitzki (percentual de pontos das equipes)

Jogos 2, 3 e 4: 32%
Jogo 5:            24%

Ou seja, em relação aos 3 últimos jogos, o jogo 5 teve maior pontuação, percentual de field goal, e de 3 pontos. E teve menor dominância dos pontos por parte de Dwyane Wade e Dirk Nowitzki. Aliás, Wade jogou "apenas" 34 minutos nesse jogo devido a uma contusão no quadril. Ausentou-se de uma pequena parte do 2o e do 3o períodos.



Wade teve boa partida, apesar da contusão no quadril

Toda essa variância de possibilidades só torna a série ainda mais empolgante: não se sabe o que esperar de um jogo 6, por exemplo. O que se manteve até agora foi a ausência de Lebron James no 4o quarto: somando sua pontuação na etapa final de cada jogo, ele tem apenas 11 pontos, ou seja, 2,2 pontos de média. Wade, Bosh e Haslem têm médias maiores que ele. No geral, Lebron fez uma partida muito boa, conseguindo um triple-double (17-10-10), mas não tem como não se decepcionar com o desempenho no quarto decisivo (2 pontos, 2 rebotes e 3 assistências).

Lebron consegue ser criticado até com triple-double

Os destaques da partida foram, mais uma vez, Wade e Bosh pelo Heat, e pelo Dallas... quase todo o time! Além de mais uma grande atuação de Dirk Nowitzki (29 pontos), Jason Terry (21) também apareceu muito bem na partida, assim como Jason Kidd (que até fez 13 pontos, o que não ocorria desde o jogo 4 da final da conferência) e... Jose Juan Barea! 

Barea, enfim, apareceu nas finais

Finalmente, o porto-riquenho fez jus às expectativas: vinha jogando muito bem nos playoffs, mas estava decepcionando nas finais. No jogo 5, fez 17 pontos, deu 5 assistências e pegou 2 rebotes, com 54% de aproveitamento. Com tantos jogadores atuando bem, Dallas conseguiu fazer um ótimo final de jogo.  Nowitzki, Terry e Kidd pontuaram nos 4 minutos finais do jogo, abrindo o leque de opções do time.

Agora, o Dallas lidera a série pela primeira vez, 3x2. O jogo 6 acontece nesse domingo, em Miami, e pode ser o jogo do título para os Mavericks. Em caso de vitória de Miami, teremos um jogo 7 na terça-feira, ainda em Miami. É a mesma situação do ano passado, quando Boston tinha 3x2 de vantagem e a série foi para Los Angeles, onde os Lakers conseguiram a virada. É o que o Miami tentará repetir a partir de domingo.

Festa das cheerleaders dos Mavericks

Pra isso, acredito que os 2 pontos principais sejam diminuir os turnovers (foram 16 no último jogo); e manter o controle emocional do time, tanto nos momentos finais, quanto na situação de administrar vantagens. 

Para o Dallas, continuar envolvendo o restante do time, para não ficar tudo nas mãos do Dirk; e tentar equilibrar a disputa nos rebotes, que tem sido ganha por Miami, tanto nos ofensivos quanto nos defensivos.

Lembro também que faltam poucos dias para acabar a promoção da camisa aqui no "Pula 2"; ela acaba no último dia das finais (pode ser domingo), e o resultado sai 2 dias depois. Não deixe de participar, e boa sorte!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Final com emoção

Jason Terry faz seu tradicional vôo

Essas finais de 2011 estão sendo um prato cheio pra nós, fanáticos pela NBA: esse foi o terceiro dos quatro jogos já disputados no qual a decisão só vem na última bola.

E o jogo de hoje lembrou em muito o jogo 3, de domingo: equilíbrio, jogo nervoso, turnovers, baixo aproveitamento de field goals, algumas jogadas de altíssimo nível. Além do jogo centrado em Dirk Nowitzki e Dwyane Wade.

Wade, mais uma vez liderando o Heat

Dessa vez, Dirk teve ajuda. Será que seus companheiros ficaram penalizados com os mais de 39 graus de febre do companheiro pouco antes do jogo e tenham resolvido dar um gás a mais no jogo? :P hehehehe... como se houvesse necessidade de motivos extras numa final de NBA. Mas, pensando bem, qualquer tipo de incentivo nos Mavericks me parece bem-vindo, pois tive a impressão de que, nos 4 jogos, o time que sempre apresentou maior intensidade foi o Heat.

Mesmo com febre, Dirk mais uma vez foi decisivo

Mas, voltando ao jogo: dessa vez Dirk (21 pontos) teve bastante auxílio na tarefa de pontuar, tanto por parte de Jason Terry (17 pontos) quanto de Shawn Marion (que fez partida muito boa, e não entendi a razão de ter jogado apenas 25 minutos). Tyson Chandler também fez ótimo jogo, com 13 pontos e 16 rebotes.

Chandler foi um dos destaques do jogo

Como postei aqui na segunda-feira, quando o peso de pontuar não fica apenas sobre os ombros do alemão, o time rende mais; nesse jogo, ele foi responsável por "apenas" 24% dos pontos da equipe.

Além da pouca utilização do Marion, outra coisa que não entendi foi a troca na equipe titular do DeShawn Stevenson pelo J. J. Barea. Stevenson vinha tendo uma boa série defensivamente falando, e ontem colocou 3 importantes bolas de três. Já Barea, que vinha tendo uma pós-temporada espetacular, realmente não consegue se encontrar nessa final. O jogo de ontem foi mais um sinal disso.

Outra estatística curiosa da partida é que os Mavericks ficaram com a vitória mesmo tendo pior aproveitamento de field goal, menos rebotes, menos roubos de bola e menos tocos. A vantagem azul foi nos turnovers e nos aproveitamos de lance livre e 3 pontos.

E falando em não se encontrar na final... os últimos 2 jogos do Lebron James foram bem abaixo da média, o que já acende um sinal vermelho na cabeça do torcedor de Miami. Na temporada regular, e também nos playoffs, Lebron foi impecável. Porém, nessas finais, seu desempenho tem sido decepcionante, especialmente nos finais de jogo. Vejamos os principais pontuadores de Miami no 4o quartos das finais:

Wade        7,5 pts
Bosh        4,5 pts
Chalmers  2,5 pts
Lebron     2,25 pts
Haslem    2,25 pts 
Miller       1,5 pts

Wade, Bosh e Chalmers com mais pontos que Lebron nos quartos decisivos. Quem poderia imaginar?
Além da fraca pontuação, segue os stats do camisa 6 nos quartos finais:

Lebron: 2,25 pts (27%)  / 1,75 rbt / 1,5 ast / 0,75 roubos /  1,25 TO


Lebron mais uma vez não se encontrou no jogo

É claro que ele pode chegar e arrebentar com o jogo 5, fazendo 15 pontos no quarto final; todos sabemos do que Lebron é capaz. Mas até aqui, ele vem decepcionando, com exceção do jogo 1. E numa série tão parelha assim, não contar com um recurso desse nível rendendo o seu normal está prejudicando e muito o Miami.

Lembrando: segue a promoção do Pula 2, que sorteia uma camisa ao término das finais. Não perca!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O alemão solitário

A solidão do arremessador de Dallas

E tivemos mais um ótimo jogo de basquete nesse domingo. Como a maioria já deve saber, o Miami venceu o jogo 3 (88 x 86), recuperando o mando de quadra perdido na última quinta-feira.

O jogo seguiu mais ou menos o mesmo passo dos anteriores; equilíbrio, boas defesas, alguns turnovers, jogadas individuais impressionantes. A diferença é que dessa vez o Miami conseguiu uma vantagem mais cedo no jogo, o que obrigou Dallas a estar sempre correndo atrás, sempre recuperando o prejuízo.

E recuperava mesmo; por várias vezes os Mavericks tiravam diferenças que ameaçavam ficar altas demais, apenas pra ceder espaço novamente e recomeçar a buscar tudo de novo. É o tipo de coisa que deixa o time exausto, física e mentalmente.

Wade, o grande destaque da partida

E eis que chegamos aos momentos finais com o jogo completamente equilibrado, novamente. Passou, então, a ser uma disputa entre 2 os dois melhores jogadores da partida: Dirk Nowitzki e Dwyane Wade. Muita gente inclusive já está cravando que um dos dois será o MVP das finais, dependendo de quem for o campeão; e nesse momento seria isso mesmo. Os dois estão jogando uma barbaridade, e o final do jogo foi um exemplo disso: faltando 6m47s para o fim do jogo, apenas os 2 pontuaram, além da cesta definitiva do Chris Bosh no minuto final.

Vamos aos stats dos 2 ontem:

Dwyane Wade:  29 pts / 11 rbts / 3 asts / 12-21 fg / 2-4 3pt / 3-4 ft
Dirk Nowitzki:   34 pts / 11 rbts / 3 blks / 11-21 fg / 3-5 3pt / 9-9 ft


Nas finais:

Dwyane Wade:  28,6 pts / 8,6 rbts / 5,0 asts / 1,3 stls
Dirk Nowitzki:   28,3 pts / 10 rbts / 1,6 asts / 1,3 blks



Não precisa falar mais nada, não é? Ambos espetaculares. O jogo acabou sendo decidido numa bola parecida com a última bola do jogo 2: última posse, bola nas mãos de Dirk. Porém, tinham 3 fatores diferentes, que tornavam a conclusão bem mais difícil que a de quinta-passada:

1 - O Dallas precisava da cesta pra forçar a prorrogação, e não para ganhar o jogo. Se errasse no jogo 2, iria pra prorrogação, e não uma derrota;
2 - O tempo de posse era bem mais curto, 4.4 segundos. Na última quinta-feira, eram 24.4;
3 - O marcador era Udonis Haslem. E não Bosh;

E como todos sabem, a bola não caiu, e Miami ficou com a vitória em Dallas. E o equilíbrio foi tão grande que o jogo poderia ter ido para qualquer lado; calhou de ser a vez do Miami agora.

Bosh, autor da cesta definitiva do jogo

Porém, a impressão que dá é que foi sempre Miami quem esteve perto da vitória, e nunca o Dallas. Claro, como mencionei mais acima, Miami liderou grande parte da partida (a última liderança do Dallas foi em 59x58, no terceiro quarto). Mas tem mais do que isso. 

Pra mim, o que faz com que o time de Dallas pareça mais fraco menos eficaz muitas vezes é a falta de opções para pontuar. Apenas Dirk tem conseguido fazer cestas nessa final. Nesse ponto, lembra um pouco o Chicago com sua dependência do Derrick Rose.

Aí você pode perguntar: mas como um time dependente de um só jogador pra pontuar chega à final da NBA, e faz 3 jogos super disputados, ganhando um deles? O ponto é que, dependendo do adversário, as outras peças dos Mavericks conseguem pontuar. Contra a maioria dos times da NBA, o banco de Dallas pontua, e pontua muito bem. J. J. Barea acabou com os Lakers, só pra citar um exemplo. Jason Terry sozinho liquidou vários adversários. 

Mas a defesa de Miami tem sido muito boa. Barea desapareceu na série, assim como Peja Stojakovic. Terry tem tido dificuldades, embora seja um dos que têm pontuado um pouco, como Shawn Marion.

Para conseguir uma importante vitória no jogo 4, os Mavericks precisarão que outros jogadores tirem um pouco do peso do alemão. Vejamos o resultado dos últimos jogos do Dallas, e o percentual de pontos feitos por Nowitzki:

Jogo 3 - MIA: 39,5% - Derrota
Jogo 2 - MIA: 25,2% - Vitória
Jogo 1 - MIA: 32,1% - Derrota
Jogo 5 - OKC: 26,0% - Vitória
Jogo 4 - OKC: 35,7% - Vitória
Jogo 3 - OKC: 19,3% - Vitória
Jogo 2 - OKC: 29,0% - Derrota

Contando apenas os últimos 7 jogos dos Mavericks, podemos notar um padrão aí: quando o Dirk se aproxima ou passa dos 30% de aproveitamento (em negrito), o time perdeu 3 dos 4 jogos. Quando ficou abaixo disso, ganhou 3 dos 3. É o mesmo que se notava com os Lakers, por exemplo: quando Kobe Bryant começava a pontuar demais, o percentual de vitórias do time caía. No basquete é assim, você precisa envolver todo mundo; se tentar resolver sozinho (como às vezes é a única saída), o caminho fica bem mais difícil.

Já o Miami não tem esse problema: além de Wade e Lebron James, ainda conseguem envolver Bosh, que fez a cesta decisiva do jogo. E, dependendo do dia, outros jogadores, como Mario Chalmers, (que fez 4 bolas de 3 em momentos importantes ontem) e também esteve bem no jogo 1; ou Mike Bibby, que pontuou bem no jogo 2.

Até o dono do time já pensa em ajudar o Dirk

Miami agora fica numa situação bem mais confortável, sabendo que, na pior das hipóteses, irá definir em casa. Eric Spoelstra tem a missão de não deixar o time relaxar depois dessa difícil vitória. E você, o que espera do jogo 4 dessa terça e do resto das finais?

sábado, 4 de junho de 2011

O Dallas é o time da virada

Vitória

E tivemos um jogo histórico nessa quinta-feira, 02 de junho de 2011. Um daqueles que serão lembrados por muito, muito tempo.

Assim como no primeiro jogo da final, o equilíbrio dominou durante a maior parte do encontro. Os dois primeiros quartos terminaram rigorosamente empatados, sendo que, ao contrário do primeiro jogo, as bolas estavam caindo: ambas as equipes estavam um pouco abaixo dos 60% de aproveitamento até a metade do segundo quarto, contra os pouco mais de 30% do primeiro encontro.

Talvez as equipes estivessem menos nervosas nessa segunda partida, e por isso a melhoria nos aproveitamentos; pois as defesas continuavam tão apertadas quanto no jogo de terça. DeShawn Stevenson, por exemplo, fez uma excelente marcação em Dwyane Wade no primeiro quarto. Tyson Chandler também teve partida muito boa, tanto defensiva quanto ofensivamente.

Tudo era festa na American Airlines Arena

A impressão que dava no primeiro tempo (especialmente até a metade do segundo quarto) era que o Miami Heat jogava um basquete mais "espetacular", de lances plásticos, aproveitando o talento do seu trio (aliás, dupla: Chris Bosh esteve bem apagado, em comparação com o jogo 1). Já o Dallas, era um basquete "de resultado", eficiente, mesmo que sem lances geniais até ali. Com isso, e mais o apoio da torcida, era normal ter a sensação em alguns momentos que o Miami estava jogando muito melhor, estava na frente, mas quando você ia ver, o placar estava empatado, ou favorável ao Dallas.

Uma das enterradas de Lebron

O Miami Heat entrou no quarto final liderando por 4 pontos, e depois de ter a diferença diminuída pra 2 (75x73) a ampliou rapidamente para 15 (88x73), sendo 9 pontos de Wade nesse intervalo de tempo. O armador foi o grande destaque do Heat, com 36 pontos, 6 assistências, 5 rebotes, 3 roubos e 2 tocos (e apenas 1 turnover)! Foi a 5a vez, nos últimos 6 jogos em finais de NBA disputados por Wade, que ele fez pelo menos 35 pontos.

Comemoração depois dos 15 de vantagem

Parênteses: depois disso, Wade ainda tentou uma bola de 3 faltando 6:30, que não caiu. A essa altura, Miami havia alterado sua tática de jogo: passou a arremessar de fora, esperando o término dos 24 segundos em cada posse (milk the clock). Tática arriscada, ainda com 7 minutos pro fim. Quando o time percebeu que ainda havia um jogo, a defesa dos Mavs já estava na ponta dos cascos, alerta, com sangue nos olhos, e não permitindo mais infiltrações; o jogo havia virado. Fim do parênteses.

Faltando 6:19, Jason Terry deu início à reação fantástica dos Mavericks, e a noite virou completamente pro lado texano. Como todos já sabem a essa altura, o jogo ficou 90x90, com a defesa de Dallas dando aula de intensidade, posicionamente, garra, vontade, etc. etc. Então, Dirk Nowitzki, que fez os últimos 9 pontos do time, meteu uma bola de três (com uma screen espetacular do Chandler), respondida por uma de três do Mario Chalmers num erro incrível de marcação dos Mavs, e a última bola do jogo, faltando praticamente 24 segundos para o fim, foi para a mão do homem do jogo, Dirk.

A bola de 3 da vantagem 93x90

E o alemão resolveu: marcado unicamente por Chris Bosh, Dirk driblou e foi pra bandeja, com a mão esquerda, do dedo contundido tão mencionado (vídeo abaixo). Vitória de Dallas, numa virada que não acontecia em finais desde 1992 (Chicago x Portland). Jogo pra história! Nowitzki terminou a partida com 24 pontos, 11 rebotes, 4 assistências e 1 toco. O outro destaque do time foi Shawn Marion, que terminou com 20 pontos, 8 rebotes e 3 assistências.



Mas, ao invés de falar do boxscore do jogo, que tal falarmos apenas do último quarto?

Destaques:
Nowitzki: 9 pts / 3 rbt / 2 ast / 4-7 fg / TO: 1
Wade:     9 pts / 2 rbt / 1 stl / 2-5 fg
Terry:      8 pts / 1 ast / 1 stl / 3-5 fg / TO: 2
Chalmers: 5 pts / 2 ast / 1 stl / 2-4 fg
Marion:    4 pts / 4 rbt / 1 ast / 2-3 fg / TO: 1
Kidd:       3 pts / 3 rbt / 1 ast / 1-1 fg / TO: 1

Decepções:
James: 2 pts / 2 rbt / 1 ast / 3 stl / 1 toco / 0-4 fg / TO: 1
Barea: 1 rbt / 0-4 fg 
Bosh: 2 pts / 1 rbt / 1-2 fg / TO: 2


Se pegarmos apenas a última metade do quarto, teríamos:
Nowitzki: 9 pts / 2 rbt / 1 ast / 4-5 fg
Terry:      6 pts / 1 ast / 1 stl / 2-2 fg /
Kidd:       3 pts / 3 rbt / 1 ast / 1-1 fg / TO: 1
Chalmers: 3 pts / 1-2 fg

Decepcionando:
Wade: 1 rbt / 0-2 fg
James: 2 pts / 1 ast / 1 toco / 0-4 fg
Bosh: 0-1 fg / TO: 1

Durante os 6:19 finais de jogo, Dallas fez 22 pontos, com aproveitamento de 9 em 10, e pegou 7 rebotes. Miami fez 5 pontos, com aproveitamento de 1 em 10, e pegou 2 rebotes.

Desolação

Ou seja, isso apenas ilustra como o final do jogo foi todo do Mavericks.

Essa foi a quinta vez nessa pós-temporada que o Dallas vence um jogo em que entrou perdendo no 4o quarto (5 em 8):

- no jogo 5 da final da conferência, Dallas perdia por 8 pontos faltando 8:46 para terminar o jogo
- no jogo 4 dessa mesma final, contra o Thunder, foram 15 pontos faltando 4:50 para o fim
- no jogo 3 da semifinal contra os Lakers, o time perdia por 8 pontos faltando 6:51 para o término

Junto à virada de quinta, essas foram as 4 que serão mais lembradas pelos torcedores de Dallas nessa temporada, pelo menos até agora.

Parênteses 2: detalhe curioso de estatística - desde que a final passou para o formato 2-3-2, 11 vezes tivemos placar de 1x1 depois dos 2 primeiros jogos. Nas 11 vezes, o vencedor do jogo 3 ficou com o título. Fim do parênteses 2.

Bom, de fato, foi um jogo histórico. Sorte nossa, que acompanhou esse, e que temos à frente, no mínimo, mais três. Que venha o jogo 3, domingo.


Lembrando da promoção do Pula 2, que sorteia uma camisa ao término das finais. Participe!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

E deu Heat na primeira...

Lebron ameaçador desde a entrada da arena

Pronto, começaram as finais de 2011! E que começo, com um jogo bem equilibrado, bem focado na defesa (como é de se esperar de uma final).

O jogo atendeu às minhas expectativas; bem disputado, com o time da casa tentando abrir vantagem, mas sem grande sucesso. Lá e cá. Assim foi o primeiro quarto, que terminou com pequena vantagem de Dallas, apesar dos turnovers (fruto do nervosismo normal de uma final).

O segundo quarto manteve o equilíbrio, com defesas bem fortes, forçando as equipes a arremessos muito marcados. Conseqüentemente, o percentual de field goal dos dois times continuava baixo (em torno de 30%). Vantagem de 1 ponto de Dallas no intervalo.

A dupla começando seu estrago

Aqui faço um intervalo também: vi e li algumas análises dizendo que foi uma vitória basicamente do talento; que ter 2 dos melhores jogadores do mundo no seu time faz uma grande diferença; que são 2 fora-de-série contra 1, e por isso o Miami venceu a partida. Discordo: claro que o talento faz a diferença, mas só considerar isso é minimizar vários outros fatores que contribuem para uma vitória ou derrota num jogo (ou num campeonato como um todo). Já voltaremos a isso.

No terceiro quarto, as coisas se mantiveram equilibradas, embora as defesas já estivessem um pouco cansadas, em minha opinião. Dallas abriu vantagem no começo, Miami equilibrou e abriu uma vantagem de 5 pontos na bola de 3 pontos de Lebron James que "bateu o cronômetro" (ou é isso ou é usar só termos em inglês, hehehehe).

Lebron partindo pra dentro, Dirk marcando

Na hora da onça beber água (como diria o Zé Boquinha), Miami conseguiu construir sua vantagem, e o ataque ficou mais focado em Dwyane Wade e Lebron. Nos 2 primeiros quartos Chris Bosh foi mais utilizado; ele é o elemento que os outros times precisam deixar livre (e acabou com o melhor +/- da equipe). Além disso, a defesa apertou ainda mais o time de Dallas. Vi depois na ESPN um vídeo onde o Magic Johnson ilustra, com imagens vistas de cima, como a defesa do Heat era rápida e bem ensaiada em cobrir o jogador que ficava livre quando eles faziam a marcação dupla. Nesse exemplo a bola rodou de mão em mão no ataque dos Mavericks, quase sempre com dupla marcação, e mesmo assim o time não conseguia uma boa chance de arremesso; o ataque terminou com um arremesso contestado do Jason Terry, que não caiu. J. J. Barea foi outro recurso fundamental do Dallas que, bem marcado, não conseguiu render o seu normal.

A defesa do Heat esteve excelente no jogo de ontem

Além da boa defesa (que está sendo considerada a melhor defesa de perímetro da NBA), o domínio nos rebotes ofensivos (16x6) deu a Miami várias segundas chances de ataque, o que é fatal numa partida. Além de bom posicionamento e atleticismo, isso é reflexo da vontade, do foco, que vi muito mais em Miami do que em Dallas. É a coisa do "querer mais"; não que os texanos não queiram, mas a vontade e a gana de Miami ontem foi muito maior (talvez por jogar em casa? Não sei...).

Um exemplo desse foco veio no segundo quarto, quando o Dallas conseguiu um dos seus raros rebotes ofensivos no jogo, e o Barea, ao dominar o tapinha do Dirk Nowitzki e girar, teve a bola roubada rapidamente por um dos jogadores de Miami (Udonis Haslem, talvez? Não foi ninguém do Big Three) que partiu livre pra cesta. Outro sinal de que o Dallas não estava tão focado assim veio em vários momentos do jogo quando alguns jogadores de bom arremesso ficavam livres por 1 segundo e hesitavam; aí vinha a defesa, e acabavam passando a bola. Jason Kidd fez isso várias vezes. Acredito que Kidd vai ter que tentar mais arremessos (e não só de 3) para que o Dallas possa reagir na série. Se todos os arremessos vêm do Dirk, do Terry e do Shawn Marion, a defesa do Heat tem seu trabalho facilitado.

Que bom, League Pass sem intervalos chatinhos!

Depois do jogo, o Bosh-raptor, de rosto fechado, fazendo o sinal de 3 com os dedos pra torcida (número de jogos que faltam pro título) ilustra um pouco o foco da equipe.

Por todos esses fatores afirmei que não considero justo atribuir a vitória apenas ao talento: isso o Heat sempre teve, e patinou bastante em vários momentos da temporada. Tem muito trabalho, muito treino, muito esforço e muita tática também.

Agora, o Rick Carlisle vai ter que fazer os ajustes com a equipe pro jogo de quinta-feira. Difícil apontar o que deve ser mudado, não entendo de basquete a esse ponto. Mas me parece que envolver mais jogadores (como Tyson Chandler, que tentou apenas 4 arremessos e converteu 3, além de ir pra linha 5 vezes) é um dos caminhos. Outro fator que complicou a vida dos azuis foi a bola de três do Peja Stojakovic, que simplesmente não caía.

Aliás, o banco dos Mavericks foi uma decepção; por várias vezes na temporada conseguiram carregar o time nas costas. Ontem fizeram apenas 17 pontos, sua pontuação mais baixa desses playoffs. Conseguiram inclusive pontuar menos que o banco do Heat (e olha que foram raríssimas as vezes na temporada toda que o banco do Heat pontuou mais do que o do adversário - 8 em 98). Sem ajuda do banco, o Dallas fica fragilizado.

Trio comemora a vitória

Essa vitória encerra a sequência de 5 vitórias seguidas do Dallas fora de casa nos playoffs; e deixa Miami com um placar de 9 vitórias em 9 jogos em casa. Além disso, foi a sexta vez na pós-temporada que Miami foi pro vestiário atrás no placar, e a sexta vitória. Acabou mesmo aquele papo de time sem clutch.

Lebron encerrou o jogo com 24 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 1 roubo de bola, com apenas 1 turnover. Wade não ficou muito atrás, com 22 pontos, 10 rebotes, 6 assistências e 2 tocos (um deles importantíssimo, em cima de Marion, faltando 3 minutos para o fim do jogo).

Pelo Dallas, o destaque foi o Nowitzki, com 27 pontos, 8 rebotes e 2 assistências. A má notícia é a lesão sofrida por ele em um dedo da mão esquerda; deverá jogar com uma imobilização o resto da série.

Torcedor figuraça e o trocadilho na placa

Termino lembrando sobre a promoção que estamos fazendo aqui no "Pula 2". Ela se encerra no dia do último jogo da final, e o resultado sai 2 dias depois.

E que venha logo o jogo de 5a!